sábado, janeiro 07, 2006

Instruções

Este é um blogue temático e com uma orientação cronológica muito precisa...
...Para seguir a cronologia, por favor, comece a ler a partir do último post. O presente post deverá ser o último a ler. Isto, claro, se não tiver problemas com encadeamentos temporais relativamente lineares.
Saudações

Até Breve!



Como os peneireiros-cinzentos não ocorrem na Argentina... cumprimento este chimango com um largo sorriso nos olhos!

Ford Falcon



Um autêntico ícone na Argentina, o Ford Falcon transporta famílias há décadas e não se coíbe em participar, após sucessivas adaptações, em troféus de automóveis.
Mas são precisos uns bons poços de Comodoro Ridavia para alimentar estes glutões...

Quinta em Sierra Chica




A amena vida do campo... Aqui, toma-se o mate debaixo da sombra de árvores de copa larga e sentados em cima de pequenos toros, talhados para o efeito. O gado em volta e as aves, condimentam uma conversa banal, sobre as dificuldades, as expectativas, os enlaces. Ou simplesmente, se se toma com ou sem açúcar...
Na finca fala-se das coisas simples da vida. Martin Fierro, o poeta-gaúcho, parece ser personificado na expressão acolhedora de Luca.

Rua em Puerto Iguazu

Garganta del Diablo



O estrondo das águas em fúria assemelha-se ao contínuo rugido de um animal feroz. Esta é a queda de água mais impressionante, pelo gigantesco volume de água. A sua forma circular despeja concentrações impressionantes de hectolitros de água, levantando uma coluna branca em aspersão que se pode ver a uma distância razoável. O ruído é ensurdecedor.

Garganta del Diablo



O duche refrescante pode esperar...

Garganta del Diablo



Milhões de gotículas em trânsito obstruem os raios de sol, camuflando quem lá vem.

Cataratas



Perspectiva parcial das cataratas de Iguazu, na Argentina.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Trilha do Poço Preto



Esta, uma passagem do longo trilho do Poço Preto, situado do Brasil. Há outros trilhos mais ou menos sinuosos, nos quais qualquer um se pode aventurar com mais ou menos segurança. Há procedimentos de segurança que é conveniente não descurar e podem ser bastante úteis no caso de nos cruzarmos com uma onça, pantera ou algum réptil mais assustadiço...
Em todo o caso, face ao emaranhado de árvores e vegetação, confesso agora melhor confirmar algumas passagens das aulas de antropologia, quando se falava que a floresta do Ituri poderia ser, para além de mãe, amiga e amante dos pigmeus M'Buti, um juiz. Não vejo como pudesse alguém sobreviver naquelas condições, sozinho e sem equipamento, a não ser as populações autóctones e num relacionamento de cooperação, partilha e solidariedade, fosse na recolecção, fosse na caça.

Rio Iguaçu



Com 1320 km (e chegando a medir 1200 metros de largura), o rio Iguaçu segue o seu caminho até engrossar o rio Paraná (um dos mais caudalosos do mundo), zona de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

Outro Amigo



Nas regiões de floresta tropical e sub-tropical (como neste caso), a variedade da fauna e da flora é estonteante. Borboletas de cores sortidas cirandam aos soluços pelos ares, pincelando o belo quadro de tonalidades esmeraldinas.

Um Amigo



Minutos depois, recordo as palavras do guia: «fica tranquilo, jacaré não morde não...». Ok... pensei, ao ver o barco de partida, no meio de um braço de rio com 400 metros de largura.

Entre o Céu e a Terra

Hostel Iguazu Falls



O harmonioso entardecer em Puerto Iguazu converte os derradeiros raios de luz num eflúvio aconchegante que envolve os sentidos, contrastando com o tórrido e sufocante calor que fustiga durante todo o dia.

«Natureza Morta»

Terra



A terra vermelha de Iguaçu (de um vermelho vivo quando exposta directamente aos raios de luz), de uma intensidade vibrante, contrasta com o maciço verde da vegetação em volta. Neste caso, as fendas devem-se à absorção que a terra emprendeu após a passagem de uma tempestade tropical.

Queda de Água



No final do Sendero Macucu, alcançamos um pequeno lago de água doce, alimentado pela água agitada que obedece às leis da gravidade. Aqui é possível descontrair num refrescante mergulho.

Golden Ant

Tucano



Ao chegar a Iguazu, imediatamente se percebe o quão distinta é esta terra de todas as outras que vi neste imenso país. Para trás deixei as estepes patagónicas, os vertiginosos penhascos nevados, os maravilhosos mares de gelo, os graciosos e imponentes cetáceos, as faustosas avenidas e majestosos edifícios, para me deparar com uma realidade completamente nova: ao sair do aeroporto, cedo deu para compreender que os meus sentidos foram confrontados com o cheiro húmido da terra vermelha, como um pôr-do-sol africano, com o inebriante chilrear de milhões de aves e insectos exóticos, com as suas colorações distribuídas pela mais variada paleta de pintor.

Água

Lagarto



Este tipo de lagartos é bastante comum, na verdade é preciso andar com atenção para não tropeçar num.

Água «Aveludada»



Água mole em pedra dura...

Arco-Íris



A ilusão que dá corpo ao arco-íris é permanente e fantástica.

Cataratas



Queda de água no lado argentino. Colossal...

Cataratas




Perspectiva das cataratas de Iguazu, na Argentina. Das 19 grandes quedas de água, apenas 3 se encontram no lado brasileiro.

Algodão d'Água

Camuflagem



Imóvel, o réptil pratica a sua «fotossíntese» enquanto aguarda a chegada de algum insecto mais distraído.

Parque Nacional Iguazu



No Parque Nacional de Iguazu, a água jorra de todos os recônditos lugares.

Estádio Monumental



Estão transcorridos dez minutos após o apito inicial do árbitro e subitamente começam a ecoar de um dos topos da cancha do River, cânticos estridentes, acompanhados do som emanado de robustos tambores. O estádio pára e os hinchas (adeptos) dirigem todas as suas atenções para a hinchada (claque), que está prestes a sair ruidosamente por um dos túneis de acesso às bancadas. Abruptamente são desfraldadas bandeiras descomunais e longas faixas alvas e vermelhas, conferindo um enérgico colorido.
É sempre assim e o momento em que a hinchada entra na cancha é investido de uma carga simbólica impressionante e é convertido num ritual tribal.

Para recordar, aqui fica um dos cânticos, sempre apelando à rivalidade intestina entre River Plate e Boca Juniors:

Che bostero, mira que distinto somos,
Ustedes van con la yuta, nosotros viajamos solos.
Che bostero, que diferencia que hay,
Acá no hay banderas negras y la hinchada no se va!

Vos sos vigilante, esa es la verdad...
Venis custodiados al monumental!
Los pibes del River, a la Boca van...
Todos caminando, sin la federal.

Mercado del Fruto



Neste mercado da zona de Tigre, de tudo pode ser encontrado, fazendo recordar o mercado de Casablanca. No entanto, tal analogia apenas tem correspondência no que diz respeito ao turbilhão de gente e à variedade de produtos, porque as noções de armazenamento, higiene e organização não coincidem, definitivamente.

La City



A zona vertical por excelência de Buenos Aires. Numa cidade onde pontifica a arquitectura horizontal, prolongando a cidade por dezenas de km, há todavia, espaço para plantar gigantes de aço e betão com formas estilizadas.

Quem Vem Lá?



Só há uma conjugação de cores (com excepção dos edifícios) autorizada a entrar no bairro, para além do azul e amarelo: a alva e celeste...

La Boca




O pitoresco e popular bairro da Boca cresceu a ver partir e chegar navios de carga e passageiros, provenientes de todo o mundo em busca de melhor sorte.
As cores garridas são uma constante, assim como as chapas de zinco, tradicionalmente utilizadas para levantar paredes e servir de abrigo a milhares de imigrantes sem destino, errantes ao sabor da sorte e da variabilidade da força dos seus braços.
Com efeito, pintado de diversos tons e matizes, o edificado da Boca exibe um colorido popular, só ultrapassado em intensidade pelo padrão que se respira nas imediações da Bombonera.

O chamamento



Como um pouco por toda a parte e em particular em Buenos Aires, o tango está sempre presente, indicando inequivocamente a sua relevância cultural num país multifacetado mas inspiradoramente homogóneo.

Montra de Café no Bairro da Boca



Por todo o lado brota vida, transpira-se a verve de gente castiça, como no mítico e pitoresco bairro da Boca. Aqui, tudo é cor, tudo é vida.

La Bombonera



La «bombonera», como lhe chamam, lembra a imagem de uma caixa de bombons devido à configuração em forma de ferradra das bancadas (um dos topos não foi concluído). Estas, sobrepõem-se verticalmente umas sobre as outras, oscilando invariavelmente em dias de jogo...
Os painéis pintados por um pintor argentino - Perez Celis - a evocar o quotidiano do Bairro da Boca, junto ao porto, onde centenas de imigrantes atracavam diariamente.
O passeio, é a passerelle das estrelas...

Animação Nocturna



Aspecto de um bar de Buenos Aires.

Calle Florida



Esta é uma extensa e confortável rua pedonal, localizada numa zona comercial, que faz lembrar pela animação as ramblas de Barcelona (pela intensa animação operada por mimos, dançarinos de tango, malabaristas, ilusionistas, pintores, humoristas, músicos e também... larápios), e pela sua configuração arquitectónica, a Rue Neuve em Bruxelas.

Ópera



Apesar da existência da Casa da Ópera, Buenos Aires conta ainda com uma maravilhosa sala, o Teatro Colón (na Avenida 9 de Julio), onde evoluem os mais apreciados músicos, tenores ou actores.

Avenida 9 de Julio



A 9 de Julho de 1816 foi proclamada a independência da Argentina no Congresso de Tucuman. Ora, assinalar materialmente a efeméride não poderia ser coisa de somenos importância. Como tal, o nome escolhido para a importante avenida argentina veio dignificá-la, associando duas realidades simbolicamente cruciais: a abertura de uma avenida com 140 metros de largura (mais 70 metros que os Campos Elíseos) e a declaração de independência. A meio ergue-se um imponente obelisco de 67 metros, ali instalado em 1936 para comemorar o 4º centenário da fundação da cidade.

Café Tortoni



De uma sumptuosidade talvez comparável ao Magestic no Porto, o Café Tortoni é mais do que um simples café. Fundado em 1858, este café foi desde sempre ponto de encontro de elites, entre as quais figurava a nata intelectual e artística. Nomes como Jorge Luís Borges, Ernesto Sabato, Carlos Gardel ou mesmo Federico Garcia Lorca, contam-se entre os clientes de sempre, em busca de uma estimulante tertúlia ou apenas, para se deixar estar.
Reflexo do melhor glamour francês, do alto dos seus 147 anos, conserva uma definição estética intacta e intocável pelo tempo e pelos homens.
Para além disso, não há uma única noite em que na alternativa Sala Alfonsina não se possa saborear um Tango, transformando o distinto café numa autêntica passerelle da nata porteña.

Tumulo do General Martin



Mausoléu do General San Martin, que a partir de 1912 adere a alguns movimentos independentistas, nomeadamente na Argentina e Peru, combatendo contra o seu antigo exército, o espanhol.

General Belgrano



General Manuel Belgrano. Revolucionário de Maio e criador da bandeira argentina.

Casa Rosada



Edificada na Plaza de Mayo, toponímia a homenagear a revolução de independência em 1810, a Casa Rosada ou Casa do Governo foi edificada a partir do antigo forte seiscentista em sucessivas etapas, vindo a albergar o executivo presidencial argentino desde os mandatos de Bartolomé Mitre e Domingo Sarmiento, no terceiro quartel do sec. XIX.
Na Plaza de Mayo encontram-se igualmente o Cabildo e a Catedral.
Em frente à Casa Rosada têm lugar as mais ruidosas manifestações - como as de 2001, em plena crise - bem como as concentrações das «mães de maio», mulheres que viram desaparecer filhos, irmãos e maridos, durante a ditadura militar.

Uma Diagonal de Buenos Aires



Buenos Aires é de facto uma cidade estonteante por tudo o que tem para oferecer, quer do ponto de vista cultural, quer do ponto de vista arquitectónico e urbano. Além disso, podemos, com efeito, comprovar essa dimensão europeia da cidade, que faz dela uma cidade com especificidades apaixonantes, mesclando duas dimensões claramente distintas. Com um centro urbano consolidado, lembra as imponentes avenidas e a majestosa art noveau dos edifícios de Paris, Madrid ou Barcelona.
Inúmeros elementos arquitectónicos conferem o colorido ocidental a uma cidade que não deixa de ser hispânica, latino-americana, pela espontaneidade das pessoas a aproveitarem os maravilhosos jardins da zona de Palermo, bem como o indispensável mate, os bairros tradicionais e o exotismo autóctone.

El Calafate



Povoado embutido entre o enorme Lago Argentino e formações rochosas áridas na estepe patagónica, El Calafate encontra-se depositado num desabrigado vale, gerador de uma abundante coluna de pó em circulação. A parca e rasteira vegetação contribui para a erosão dos solos e dela é consequência.
A meia centena de km para Norte e num cenário semelhante, ergue-se a partir da planície um enorme cerro (Fitz Roy) a fazer lembrar as montanhas rochosas na América do Norte. São 3441 metros que afunilam como agulhas nos pináculos só acessíveis a condores e um ou outro aventureiro.

Uma Marcha dos Sentidos...




Braço de ligação à Baía Onelli.